Agora ele se encontrava num cômodo um pouco maior que seu quarto, mas as paredes tinham o mesmo tom enjoado de verde.Olhou para cima, o teto, antes não percebido quando estava no quarto, era triangular, e dava para ver alguns ratos passando no suporte horizontal que se encontrava no telhado. Abaixou a cabeça e olhou para frente, onde tinha uma mesa redonda e grande, e, para sua surpresa, em volta dela, se encontravam várias criaturas, algumas peludas, outras sem pelo algum, mas a maioria tinha uma cara assustadora. Olhou para todas as criaturas, embora nenhuma o havia notado, e viu, sobre a mesa, um pedaço de papel grande, que, pelo jeito, era o centro das atenções.
Correu os olhos mais uma vez pela mesa e encontrou, de costas para ele, o centauro. Foi devagar a ele, nas pontas dos pés.
Quando estava perto dele, parou, e também nas pontas dos pés, leu o que estava escrito no pedaço de papel.
“ O udno ed Láviré rerre eiorgp, ne a nica pessa uqe edop salfelo ó mua ricatrura uqe ivá irac od hens.”
Logo abaixo daquela escritura esquisita, estava o desenho de uma criatura que John nunca viu antes. Do topo da cabeça saía chifres longos e curvos, e as suas pontas se encontravam uma com a outra. Os olhos eram puxados até a altura das orelhas e John não conseguiu ver nariz, e a boca estava horrivelmente torta com um sorriso macabro e os dentes a mostra. Antes que ele pudesse ver o corpo, alguma coisa encostou na sua barriga e o empurrou, furiosamente, para longe da mesa, sob o murmuro dos outros.
O centauro o levou de volta ao quarto de onde ele saiu, mas não fechou a porta. John ficou parado, de frente para a porta, pensando no que poderia significar a inscrição.
No dia seguinte fazia uma manhã nevoada, em que John mal conseguiu distinguir as árvores que balançavam com o vento a frente da janela pequena com formato circular que se encontrava a alguns centímetros da cama do garoto. Ele então olhou para trás. Peru se encontrava na sua cama, com os lençóis que encobriam ele estirados e enrolados no corpo que ressonava tão profundamente que John teve certeza que ele estava sonhando. Ele começou a refletir do jeito que as coisas aconteceram rápidas. Em uma semana apenas ele se tornou conhecido em toda a tropa rebelde, e provavelmente alguns da guarda do rei.Em uma semana John já decorou as línguas que existiam no mundo em que agora estava.” Com certeza a frase na bandeira era de uma língua antiga”, pensou.
Então a porta enferrujada se abriu. John virou para trás rapidamente, mas não havia motivo para se preocupar, pois era o centauro.
A criatura caminhou a galopes em direção a John e, quando estava ao seu lado, fez sinal para que John o seguisse, e saiu do quarto.
John se levantou e foi até Peru, e o sacudiu.
A reação foi imediata, logo ele estava sentado, com os olhos meio abertos, em posição de combate.
-- Se levanta e me segue...—disse John.
John calçou seus chinelos cinzas e caminhou lentamente até a porta, com Peru atrás dele.
Quando abriu a porta, o centauro estava a sua espera, com seus olhos negros fixos em John.
Então ele se virou e começou a galopar em direção a mesa onde antes se encontrava a bandeira. John e Peru avançaram lentamente sobre o chão sem piso, e a cada passada, um rangido. Contornaram a mesa e se dirigiram a uma porta que estava alguns metros atrás da mesa, igualmente sem maçaneta. O centauro
empurrou-a e eles saíram para o campo coberto por uma densa névoa na qual não se enxergava um palmo a frente.
Guiados pelo centauro, eles andaram sempre para frente, e o terreno ia ficando florestado, até que finalmente entraram numa floresta. Foram se adentrando cada vez mais, e ia ficando mais difícil caminhar dentre as folhagens e raízes.
Uma ou duas vezes John tropeçou, seguido por Peru, que ao contrario de John, Tinha que se agarrar no corpo do garoto para não cair.
Quando as vestes do garoto estavam completamente sujas, que eles saíram da floresta.
O local onde se encontravam agora tinha um pouco menos de névoa, e John consegui perceber que estavam chegando a um morrinho. Percebeu a tempo de frear e ir devagar à medida que se inclinava.
A cada passo na descida a névoa ia se decepando. Quando estavam chegando ao fim da descida, John conseguiu ouvir rugidos e murmúrios, mas não conseguiu distinguir. Chegaram ao fim do monte e começaram a andar em um terreno plano, e John consegui formar palavras com os rugidos.
“Isso não é uma boa idéia!” “Pois era o melhor a fazer!” John ficou se perguntando o que significaria aquilo, e de que idéia estariam falando. Quando chegou mais perto do barulho, porem, encontrou um monte de criaturas amontoadas.Quando se aproximaram, a maioria olhou para trás, e logo foi imitada.Logo, todas estavam olhando para John.
Passaram por elas, e muitas John reconheceu. Vários Erumpentes, explosivins, esfinges, bichos-papões (ele viu seu corpo pouco a pouco ir se transformando em carne), entre muitos outros. Avançaram mais um pouco e entraram numa clareira. Aí, então, John percebeu o motivo da reunião. Durante sua aprendizagem sobre este mundo, lembrou-se de ter lido sobre um portal que mandava para mundos opostos, e a ilustração que ele viu no livro era totalmente igual a cena que ele via agora. Dois totens, cada um a um metro de distância do outro, mostravam fênix, uma em cima da outra. No espaço vazio entre os totens, havia uma coisa, que John achou que fosse apenas a névoa, mas logo pensou de novo, pois a “névoa” brilhava.
Postados ao lado dos totens, se encontravam duas quimeras, e as duas pareciam não gostar de estar ali.
Foram andando cada vez mais para frente, e só pararam quando estavam a um metro do portal.Logo depois, ouviram o soar de uma trombeta, mas nem John nem Peru souberam de onde veio.
Então eles ouviram passos, então olharam para o lado esquerdo, e viram um leprechaum, e John reconheceu sendo o Tomerlo. Ele se postou ao lado de Peru, olhou para o amontoado de criaturas, então pegou um papel enrolado do bolso. Desenrolou e leu em voz alta:
-- Cidadãos do povo de Laviré, hoje, dia 50 de Hodu de 3560, mas 18 de julho de 2008 para os humanos vamos, pela primeira vez em dois séculos, fazer a cerimônia de Kalare, pois, de acordo com o conselho de criaturas de Laviré, os dois humanos que, por obra de alguma força desconhecida, estão hospedados aqui, deverão voltar para o mundo deles.
Nesse momento, as criaturas começam a vaiar descontroladamente e Tomerlo começou a gritar para eles pararem. Vendo que não adiantava, uma criatura vestida com um véu negro se postou a frente do leprechaum, levantou a mão e todos se calaram.
-- Obrigado. —disse Tomerlo.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)